31 de dez. de 2008

Em 2009 quero...

Dias de pleno sol com brisa fresca ou dias de chuva gostosa, que limpa a poeira e arrefece;

Passeios no parque, em meio às árvores, ou caminhadas no concreto, em meio aos automóveis;

Conhecer novas músicas, novos livros, novos pintores ou aproveitar os mesmos já apreciados, com todas as lembranças que deles advêm;

Por que mesmo que o mundo não seja como, às vezes, desejo, é preciso apreciar e enxergar a vida por prismas diferentes.

365 dias de café-preto na caneca do Pequeno Príncipe; de banhos com sabonetes de erva-doce; de sorrisos de complacência; de banana amassada com granola; de saudades dos amigos ausentes e de lembranças das férias;

Fazer 1 verdadeira amizade; chorar mais 1 vez vendo Luzes da Cidade; entender de verdade 1 conto de Guimarães Rosa; saber de cor 1 poesia do Drummond; ler mais 1 vez Machado de Assis; ir 1 dia na Igreja, pagar umas promessas;

Continuar rindo com Chaplin, Jerry Lewis e Woody Allen; continuar esquecendo que a Globo existe; continuar desejando mais e mais stand-up comedies; continuar querendo matar as telefonistas de telemarketing que ligam às 9h da noite com seus gerundismos;

Perder 5kg ou 2kg ou estar feliz por ser assim, mas desejar não ganhar nem 1 quilinho (!);

Ganhar AMOR legítimo, AMOR sincero, AMOR autêntico, AMOR genuíno, AMOR maternal, AMOR fraternal, AMOR sexual, AMOR surreal. E ser capaz de retribuir muito mais.

Por isso, em 2009 quero mesmo é tornar-me visionária, para VER muito mais.

Madame Schopenhauer, guru do pessimismo, hoje otimista, deseja a todos e a todas (?) um 2009 cheio de novas experiências.

28 de dez. de 2008

Tagarela

Eu posso falar sobre o mundo. Eu posso falar sobre a crise na economia. Eu posso falar sobre sexo. Eu posso falar sobre coisas sem nexo.

Posso falar sobre a vida, sobre rotina, sobre moda e sobre drogas.
Brad Pitt, Elvis Presley, Michael Bublé, Eric Clapton.
Violência, amizade, safadeza e maquiagem.

O sorvete de uva, a infância, a época da escola, problemas, alegrias...
... certezas e incertezas.

Alimentação, animais, internet e paz.

Eu falo dor, eu falo cor.
Eu falo sim e digo sim.
Falo não e é isso aí.

Comigo não tem meias palavras. Assim, não tem graça.

Eu falo sobre tudo, eu falo sobre o mundo.
Eu falo o que sinto, eu falo o que vivo.
Eu falo o que sou.

Mas eu gosto mesmo é de falar de amor.


[Paulinha]

Unspoken

Há batida nas entranhas. Música alta nos ouvidos, pulsação, pressão há mil por hora.

Aí você para. Acaba. Como um orgasmo não contido. Senta à beira da sala, figura invisível, só há a caixa de imagens coloridas. A pele oleosa é seu destaque, nada mais o faz brilhar.

E pra que brilhar? Qual o propósito de ser o centro, de sapatear alí no meio, ter atenção? Desejo incontrolavel e repentino de se colocar sozinho, esquecer o público, ser o personagem. Pulsação, respiraçãofegante, pressa, pressãoalta, high, topo. Está chegando de novo, vindo vindo... E acaba. Como um orgasmo não contido.

Vem prazer? Agora há apenas a letargia. A falta de vontade de dizer, de estar. Às vezes a gente podia desaparecer. Às vezes a gente podia desaparecer junto. Às vezes a gente podia parecer normal.

Vou almoçar.

27 de dez. de 2008

A Cidade e as necessidades

Em meio às frustrações, incertezas, aos vazios existenciais, pergunto-me: o que é terapêutico? De TPM, sem fluoxetina, sem namorado, nas férias do meu terapeuta, próximo a 2ª fase da FUVEST, nas gritarias cotidianas de meus pais, esta é uma pergunta merecedora de resposta imediata.
To make matters worse, o dia estranho não coopera. Céu azul-cinza, cheio de nuvens e sol escasso entre elas. Querer ficar em casa não é uma opção. Observo pela janela prédios cinzas, sujos, tortos. Tudo cinza.

“-Sim, é talvez tudo uma ilusão... E a cidade é a maior ilusão!

[...] Certamente, meu príncipe, uma ilusão! E a mais amarga, porque o Homem pensa ter na Cidade a base de toda a sua grandeza e só nela tem a fonte de toda sua miséria. Vê, Jacinto! Na Cidade perdeu ele a força e a beleza harmoniosa do corpo, e se tornou esse ser ressequido e escanifrado ou obeso e afogado em unto, de ossos moles como trapos, de nervos trêmulos como arames, com cangalhas, com chinós, com dentaduras de chumbo, sem sangue, sem febra, sem viço, torto, corcunda – esse ser em que Deus, espantado, mal pode reconhecer o seu esbelto e rijo Adão! Na Cidade findou a sua liberdade moral: cada manhã ela lhe impõe uma necessidade, e cada necessidade o arremessa para uma dependência: pobre e subalterno, a sua vida é um constante solicitar, adular, vergar, rastejar, aturar; rico e superior como um Jacinto, a Sociedade logo o enreda em tradições, preceitos, etiquetas, cerimônias, praxes, ritos, serviços mais disciplinares que os dum cárcere ou dum quartel...”

Não mais me esqueci do discurso de Zé Fernandes na Basílica de Sacré-Coeur, cuja argumentação é com certeza uma das mais bem elaboradas a cerca das cidades; mérito de Eça de Queirós. Apropriado seria ter um parque para caminhar, ver pássaros... Ah, isso é terapêutico. E visto a minha impossibilidade de tal momento, fico com um café e uma boa leitura.


Fica a minha perguntas às Beauties: o que é terapêutico para vocês?

Acordei. Escovei os dentes, tomei café da manhã. Assisti televisão, nada me toca. Banhei-me. Então, escolhi a roupa mais discreta e mais autêntica. Escovei os dentes novamente. Calcei sapatilhas.
Caminhei até o trabalho. Imagino agora, o que devo ter pensado. "Estou atrasada". Sempre estou.
Não pensei nas árvores, na garoa, nos vizinhos que sabem de onde vim. Pensei no atraso. Raramente pensamos o que gostaríamos, depois, de ter pensado. Raramente pensamos de verdade.
Desenvolvi minhas tarefas... Descobri o que querem alguns dos homens de chapéu. Eles querem casas, eles querem conforto, eles querem coisas. Descobri o que querem algumas das senhoras de saia. Elas querem roupas, elas querem dar presentes, elas querem coisas. Almocei. Voltei ao trabalho. Ainda não descobri o que quero, raramente penso de verdade.
Finalizei minhas tarefas, planejei ler um livro, ir ao mercado, lavar minhas roupas. Preferi conversar virtualmente. Preferi não pensar com afinco.
Gosto de poder determinar minhas escassas ações.
Choveu novamente. Voltei aos meus assuntos pouco profundos. Sorri. Troquei minhas roupas. E então, somente então, dormi.

26 de dez. de 2008

Feliz Natal, família!

É Natal. É tempo de agradecer à Deus pela Sua generosidade em dar à todos os membros de nossa família uma enorme língua. Isso. Essa aqui mesmo, que não cabe dentro de nossas bocas. Alguns de nós têm até uma bifurcação, aleluia Senhor, sabes como a diferença é algo que deve ser trabalhado entre nós [papo de psicólogo, porque não houve nenhum melhor que Jesus].

A bíblia, como manual do bom cristão, nos ensina a compartilhar. E é nessa época que isso mais acontece. Compartilhar informações sobre a vida dos outros só engrandece o nosso repertório de assuntos. Mas tudo bem, Jesus; uma das virtudes que mais devemos praticar é o perdão. Perdão por não ser informada do noivado de uma prima: não te chamei porque só os próximos foram convidados, cerimônia íntima. E por favor, me ajude a desfazer uma encrenca: outros membros da família não falam mais com a noiva! Imagina, aborrecer-se com uma coisa tão pequena; nem casou ainda! É, falta perdão mesmo.

Mas ainda há o Seu sangue entre nós. Não, não estou chamando-O de boi, entende, né? Falo do vinho, algo sagrado, as pessoas se tornam tão mais alegres depois dele! Não é como a suja cerveja, riscada da dieta da casa dos meus avós depois que meus jovens tios voltaram para casa urinando nas calças que suas esposas lavam e passam diariamente. Ah, sim, esqueci. O mais novinho, 42, mora com os pais, e é a mãe quem cuida de suas roupas. Quanta delicadeza.

Senhor, me ajude a não cometer o pecado da gula. Por favor, não nesse dia sagrado! Até porque, diante da farta mesa, minha família insiste em lembrar como eu fico mais bonita cheinha. Mas veja só, Pai, segundo eles, estou apenas saudável; é, assim que é bom morar sozinho.

Falando em solidão, chega a hora em que o amor é citado. Claro, essa data é propícia. Era tão bonito aquele rapaz, sua prima está noiva, todos os outros da sua idade estão namorando. Que alegria relembrar do seu ex. A família dele era uma graça, filha; a gente se dava tão bem, já era um de nós, menino bonzinho.

Bom, o importante é que nós sejamos unidos. Então, que tal um amigo secreto no dia 1º? Perfeito, aí a gente já aproveita e pede pro Papai do Céu dinheiro para 2009. Quem sabe não sobra R$10 pra lembrancinha. Lembrança que todos nós devemos guardadar desse fim de ano repleto de bondade, carinho e coerencia que reina entre nós.

E que durante o resto do ano nos telefonemos para outros fins que não pedir favores.

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É, Fer. Há uma leve frustração. Apesar de tudo, Feliz Natal, beautys.

25 de dez. de 2008

I´m not the best, fuck the rest anyway

Sei lá, meu. É natal. Parabéns pra Jesus. Mas por onde anda o espírito de fraternidade que ele propôs pra gente milianos atrás?

Estou meio de saco cheio, as usual, com a minha ética pessoal infantil tosca e exacerbada... Com as minhas escolhas, com a cidade onde moro... Mas isso é perfeitamente comum pra mim. Especialmente no natal. Vivo sorridente, saltitante, simpatissíssima e de saco cheio... Minha dialética do humor. É tudo ao mesmo tempo, mesmo fora da tpm. Ano passado, chorei baldes pq não comprei nem uma balinha pra ninguém. Sério, não sobraram nem moedas pra comprar um enfeite pra árvore de natal. Irado: esse ano, tratei de conseguir um emprego adequado, com décimo terceiro, pra poder comprar os tais presentes, e ter outros prazeres que o Mastercard (mentirosa e descaradamente) diz que o dinheiro não compra. Segue que pude participar das compras dos presentes de natal com a minha família, mas não pude estar por lá na referida data.

É engraçado, costumo compartilhar dessas e outras nóias com amigos nem tão próximos... E aí, num desses meus surtos de distribuição de segredos íntimos, recebo um super conselho, diga-se de passagem, plenamente adequado, “fer, cuidado com suas frustrações... só estou onde estou pq nunca me permiti sentir frustrações”... Foco no NUNCA. Aham. Bem possível. Deus, todo poderoso, leve o fantasma do espírito de natal (passado presente e futuro) para este ser (in)humano. Tipo... estou onde estou? Nunca tive frustrações? Don’t you have 22? Don’t you live with ur parents? Don’t you have an ex girlfriend, which who you cry every night, and tell meeeee…. But you have a nice car! Beijos, não me liga plz.

Ok, o dia que eu tiver um carro bem legal, eu vou pegar e não ter mais frustrações. É assim que funciona. Você adquire um status imediato de pessoa foda, e a vida é perfeita. O mais legal é que você, a partir desse seu status imediato, aplica conselhos, como um segredo de felicidade para outras pessoas, que devem seguir o seu exemplo. BALELA. Mentira que você nunca teve frustrações. Não, não me chame de frustrada só porque eu assumo as minhas, contemporâneas e restritas às poucas coisas que tenho a franqueza de compartilhar com... MUITA, muita gente mesmo.... ; )

Ok, amigos, ficam as dicas para os próximos papos profundos no MSN, espaço de compreensão e comunicação:
***(para todos online) Quando alguém teclar: estou triste, não diga: pois é, estou feliz.
***(quando eu estiver online) Nem sempre, quando eu me lamento da vida, estou triste... só estou fazendo uma análise, de quanto o ser humano consegue colaborar, ou fuder, com as idéias alheias...

Acho que é esse meu post inaugural, sobrenatural, sem pé nem cabeça. Feliz natal a todos. Acostumem-se com a parte do sem pé nem cabeça.
Com muita honra por ser uma speaking beauty,

Nanda Nat
é universitária, tem um trabalho temporário, é pouco diplomática, canta e faz hidroginástica

Algumas coisas que a gente lê por aí...

Fugindo um pouco do tema de Natal, queria escrever sobre algo que eu li ontem num blog famosinho até, de um pegador invicto, não-quero-nada-com-ninguém.
O cara escreve sobre as coisas idiotas que as mulheres fazem, situações na qual nos colocamos e não deveríamos ter sequer cogitado entrar, o quanto não percebemos alguns sinais claros de um cara sobre o que ele quer ou não quer, coisas absurdas que ocorrem com ele; e fala que a idéia de fazer o blog era de também mostrar que, quando o relacionamento não dá certo, a culpa não é só dos homens malvados filhos-da-puta, como as mulheres com dor de cotovelo costumam pintar.

E existe mesmo uma mulherada sem noção que projeta a culpa de todas as mazelas do mundo nos homens, vendo-os como eternos vilões. Ok, concordo em gênero, número e grau que não é bem por aí. O cara também deve ter a liberdade de escrever e defender a sua classe. Maaaaas, eu discordei bastante deste post do guri.

Ele começou a escrever sobre o quão inadequados e irritantes eram algumas coisas que nós, mulheres, fazemos. Tinha coisa ali realmente absurda, se não me engano, tipo falar "eu te amo" num segundo encontro - apesar de que dá pra relativizar isso, mas enfim, no geral é bem estranho e assutador, não tem como negar. Mas, de tudo que foi postado, era só isso que tinha de tãããããããão bizarro. O interessante de ter feito esta leitura foi justamente o gancho que fiz com uma conversa que tive com a Mainina outro dia.

O meu contraponto é o seguinte: o cara reclama que a gente faz algumas coisas nonsense. Mas tem coisas que é nonsense pra ele, vocês me entendem? E foi isso que ele postou, o que ELE pensava sobre o que era irritante pra ELE e pro grupo de amigos DELE, que pensam mais ou menos parecido com ELE.
E porque eu tô falando isso?
Pra chegar nas seguintes perguntas: Quem nunca teve a certeza, ou pelo menos a impressão, de que fez tudo "certinho" com um affair e, mesmo assim, as coisas não viraram? Ou mesmo quem aqui deu infinitas mancadas com uma pessoa, e mesmo assim deu certo ou a pessoa ficou no pé? Pois é, pois é...
As coisas irem pra frente num é tão simples assim, como seguir uma receitinha de bolo que você vai fazendo e fazendo e, no final, o bolo fica lindo e gostoso - e você fisga o bofe que tanto queria.

Blá.

Uma exemplo: existe esse lance da complementaridade, coisa que é até meio rara de se ouvir comentar... daquilo que faz "dar certo", todo mundo sempre lembra da importência da atração física, do momento em que as pessoas se encontraram e acabou rolando, do lance de serem parecidas e terem alguns gostos parecidos (ou não também, a idéia de opostos se atraem, coisa que EU não creio, justamente pelo lance da complementaridade, mas enfim...), ou mesmo o quem-não-tem-cão-caça-com-gato, entre outras infinitas variáveis.
A idéia do complementar não é algo do tipinho quebra-cabeças, de pessoas que se encaixam perfeitamente, nah. É aquilo de ter determinadas "demandas" pessoais supridas pelo outro - e nem são toooodas as demandas, mas algumas bastante importantes naquele momento de vida da pessoa, a ponto de fazer ela querer ficar com o ser x que preenche esta demanda, entendem?

Exemplificando: existem homens que querem mulheres para exercer o papel mãe, colocando comidinha no prato, fazendo todas as vontades, ser mimados e blábláblá. E invariavelmente, existem mulheres que querem ser As Cuidadoras, em tempo integral mesmo, não é simplesmente fazer um agrado para o seu benzinho, hehehe, e sim ser o braço direito, o esquerdo, as pernas, a cabeça etc do cara. E no fim, tudo bem se os dois estão felizes com isso.

Por isso que eu vim aqui escrever: acho que o cara foi simplista em querer classificar o que é legal e o que não é, e as pessoas tomarem isso como universal.
Eu sinceramente, from-the-botton-of-my-heart, acho ridículo gente que fala miguxês. Mas ah, tem casais que adoram este dialeto idiota. E eu vou fazer o quê? No máximo "vocês são irritantes", "go away, GO AWAY", ou mesmo me afastar se eu num tiver intimidade pra dar uma aloprada em quem fala deste jeito. Mas aí é que está: tem gente que gosta. E tem gente que curte ou está disposta a conviver com trejeitos, características pessoais que não são tão tolinhas como falar em língua de emo.

Acredito que o cara nem pensou em tudo isso que eu pensei, no que mais estava implicado. Ele deu a opinião dele e ponto final, quem quiser ficar de seu lado que o ature. O que eu fico puta de ver é o quanto este tipo de pensamento, o de classificar o que é melhor ou pior, toma uma dimensão absoluta. Tem quem seja porra-louca, tem quem seja todo certinho, tem quem seja neurótico, tem quem seja desencanado, tem quem seja frio e distante, tem de tudo neste mundo... defeitos e qualidades todos temos, e a relação entre as pessoas é que vai mostrar até onde se pode ir.

Ah! O link do post: http://www.manualdocafajeste.com/2008/12/17/frases-e-situacoes-irritantes/#comments

24 de dez. de 2008

Espírito Natalício


Se Jesus tivesse nascido no século XXI, os três Reis Magos teriam chegado à manjedoura com presentes bem simbólicos:

Por ser ele o Senhor das Riquezas, nosso Jesus ganharia algumas ações das empresas que apresentaram menos flutuação neste ano;
Por ser o Senhor dos Céus, ganharia um jatinho para fazer rápidas pontes aéreas, facilitando seu trabalho milagroso;
E por ser o Senhor dos Espíritos do mundo dos mortos, receberia um IPod. Já que todos que tendem a usar essa meleca viram zumbis estabelecendo contatos mediúnicos com algum universo paralelo.

Essa coisa de presente é muito complicada nos dias de hoje. Nasci e, infelizmente, cresci numa família em que há uma relação indecente entre o quanto se gasta em presentes e o quanto se ama o próximo. É, e veja bem, a coisa é mesmo exponencial e diretamente proporcional. Quanto mais eu atolar meu cartão de créditos com presentinhos irrelevantes, os quais provavelmente serão jogados em algum canto, ou esquecidos, mais eu te amo.

Se fossem só presentinhos e lembrancinhas,vá lá. Mas há ainda a típica roupa nova de Natal.
Ah, para tudo, cara!

Você está me dizendo que vai à festa de aniversário do menino Jesus, num estábulo, em meio à palha, e cujo pai e mãe são, respectivamente, simples marceneiro e dona de casa (arrã, olha pra porra do teu presépio!) com essa roupinha apropriada? Ah, falô!

Se fossem somente presentinhos e lembrancinhas e roupinhas, tudo bem. Mas é claro que a gente precisa de muita comida. Mais ainda do que a nossa pança pode suportar. Até mesmo porque a gula não é um dos 7 pecados capitais, os quais matam brutalmente os preceitos do Cristianismo. Ok, você não é cristão.
Então isso quer dizer que você pode usufruir do prazer orgiástico da comilança. Parabéns! Até porque ficar atolado é uma sensação agradabilíssima.

Se não fosse tudo isso, mas ainda tem os remédios do dia seguinte para dor de cabeça, indigestão, náusea. Tem ainda os excessos de elogios aos pratos alheios, as roupas alheias, a casa alheia, a árvore de Natal alheia, a (porra) do presépio alheio etc etc

Um mar de hipocrisia e excesso, eis o que é típico e tradicional no século XXI.

Quem sabe a porra do presépio lembre você de que pessoas viveram (e ainda vivem) em meio à simplicidade.
Sim, a simplicidade seria um valor nobre exaltado no dia de hoje.


Ainda bem que Jesus não nasce hoje.


Feliz Natal a todos!!!

Ai gente, eu tinha que fazer um post natalino.
Não tanto por uma questão religiosa - mesmo porque eu sou meio em cima do muro pra essas coisas -, mas pela representação que ela tem pra mim.
EU ADORO NATAL.
Aliás, eu adoro a época de festas. Sempre passo com a minha família, vejo os amigos, estou de férias curtindo o ócio; adoro a iluminação das ruas, casas, prédios, estabelecimentos... é também uma época de comilança e de celebrar com aquelas pessoas que gostamos de verdade, por isso eu acho tão bom! Lógico que os seres humanos continuam fazendo besteiras, brigam também, mas ah! Normal... dificuldades de convivência ocorrem o ano todo, e nas festas não seria diferente. Mas parece que neste momento do ano, alguns (e aqui eu não vou incluir TODAS as pessoas) pelo menos tentam ter uma conviência melhor com o outro, e isso não é necessariamente hipocrisia ou falsidade.

Mas tem também uma outra questão! O meu próprio nome, né? rs
Natal, Natal-ly... hehehe. É isso mesmo: meu nome é uma variação de Natalia, que quer dizer nascimento, e está vinculado ao Natal, data que (era pra) comemora(r) o nascimento de Jesus Cristo. Mas nesse meio do caminho entrou o Papai Noel, o décimo terceiro salário e os shoppings, aí, as coisas ficaram um pouquinho diferentes. Mas tudo bem, num vou ficar chovendo no molhado e tecer uma crítica sobre algo que já é pra lá de manjado.

O que posso dizer é que pra mim a data tem esta função: estar com as pessoas que eu gosto, comer, me divertir com elas, entrar em contato com amigos, vê-los, abraçá-los... Simples assim.
Precisa de mais?
I don't think so.

E espero que para as pessoas que não se sentem como eu neste momento do ano, por terem más lembranças ou simplesmente se sentirem deprimidos por uma série de motivos, tenham um bom Natal rodeado de pessoas queridas. Embora eu saiba que a tristeza que dá nesta época não é algo que passe, estar perto de pessoas amadas é sempre bom nesses momentos.

Beijos a todos! ^^

21 de dez. de 2008

Fones de ouvido: forma de estar autista.

Achava o tempo uma coisa engraçada. Ele parecia uma entidade superiora, capaz de mudar ou manter tudo, vontade própria lhe cabia, deixando os pobres seres restantes à mercê de seus caprichos. Mas não podia ser assim. Ou, ao menos, se recusava a acreditar que era dessa forma.

[Pausa para um assassinato. Os olhos esquadrinhavam a sala à procura do maldito mosquito que lhe picara durante a noite anterior. Não conseguia se concentrar. Não conseguiria pensar em nada antes de uma palmada bem dada no inseto. Tirar-lhe a vida era a meta sangüinária do ser maior. Maior. Fitou o ambiente por uns minutos. Mão com mão, mosquito no meio, aqui jaz.]

Algum controle tinha que ter sobre aquilo tudo. À cada minuto, coletivo de segundos, envelhecia mais e mais. E os outros cresciam à sua volta. Sentia o peso das memórias aumentando gradativamente sem entender muito bem o porquê, porque não às via. Esquecia as fatídicas, esmaeciam.

Ainda assim, criava novas. Era divertido imaginar que a realidade havia sido diferente, com cores mais quentes, cheiros mais úmidos. Que mal fazia? Ela própria não lembrava mais nada, era a sua própria cabeça, achava o que queria. E acreditava na versão de realidade inventada, sem nenhum pudor, com blocos de certa lucidez. Devem ser cera. Fácil como é fácil para uma criança escrever redação criativa. Seus monstros, seus heróis, eram uma releitura dos personagens que seus próximos interpretavam o tempo todo. Tudo é mesmo uma grande farsa. O melhor era guardar o acontecido da sua forma peculiar, tratando-o com o melhor adubo.

A unicidade do fato lhe dava todo o sentido que faltava na vida.

Ah. Os fones de ouvido? Não sei mais. Esqueci.

20 de dez. de 2008

Sleeping Beauty

Era uma vez uma princesa em seu lindo castelo de cristal, ornado de flores belíssimas, em tons pastéis e símbolo de toda sua pureza e leveza. Não havia madrasta má, e sequer dias nublados, para nossa angelical criatura, que vivia a cantalorar pelos campos de lírios. Brancos, amarelos, rosas... Ah, e o perfume enternecia! Singelíssima criatura cuja maior verdade era sentir as belezas na natureza. Assim crescera, somente assim vivera. Sabia cantar, cozer, coser, colher, citar, compor, comportar-se. E a tudo aprendera magnificamente, com grande maestria.

Eis que surge uma criaturinha sem tato sequer, em meio a relva. O príncipe. Cheio de pompa, galanteador, pisando em flores com suas butinas cheias de lama, apresenta-se:


- Sou príncipe de tudo o que vês além da colina. Vês?


E sem perguntar o nome da pobre ouvinte, inicia uma conversa enfadonha sobre o trabalho dos artesãos, o comércio, os ofícios, a nobreza, as caçadas...

Tu podes ser otimista, claro, e pensar que nossa princesa trocará seus interesses pelos bem mais interessantes assuntos do grandessíssimo príncipe. Eles casarão, obviamente, terão filhos e ela sentira um vazio quase indescritível, para toda a eternidade.

Ou se partíssemos do pressuposto que essa princesinha é, sim, uma Speaking Beauty veríamos essa mocinha meiga perdendo as estribeiras:

- Veja bem, o senhor quer saber? Toda essa enrolação pra me levar aos teus aposentos está obsoleta, carísssimo. Vá para a meretriz que te pariste!

Ou quem sabe nossa mocinha desse inveja a Maquiavel. Esperaria o solene ato para contar aos quatro ventos sobre um instrumento pequeno.


Que te apetece?

Mulheres solteiras uni-vos.

faringite.

interessante falar em público dentro de um blog coletivo.
fico feliz e encantada com a idéia.

sinto saudades das amizades de colégio
sinto falta das risadas
sinto falta dos cafés
dos bares
das festas
e da trufa da cantina do uni
[lembram, meninas?]
dos desejos de revolução
dos sonhos
lágrimas
e risadas.

hoje mal posso falar
muito menos gritar
muito menos sonhar acordada.

a minha garganta está seca
a voz rouca
a fala gasta.

não sinto gosto de nada.

por causa da faringite
por causa da idade [?]
por culpa dos cigarros
por conta da cerveja gelada.

...

19 de dez. de 2008

Papo Calcinha

Titulozinho clichê, não?
Perdoem-me. Não consegui fugir do lugar-comum neste momento.

Sendo este o post inicial, vamos explicar o quê exatamente é este espaço. É bom, né?

Bom, este blog, feito com o maior amor-e-carinho, é de um grupo de amigas que se conhecem faz teeeeeeempo - tá, nem tanto tempo assim, ok... da época da escola, rs.
O intuito é escrever aquilo que bem entendemos: contar um pouco sobre nós, o que estamos passando, o que gostamos e desgostamos, falar sobre coisas relacionadas às nossas carreiras (ou não), falar do que anda ocorrendo no mundo, ou ainda exercitar nossa criatividade e escrever textos em prosa ou poesia... enfim, um espaço com a nossa cara, que por enquanto, é difícil definir o que se trata. Mãããããs, obviamente, serão temas relacionados ao nosso universo, né?

Seja bem-vindo, querido leitor! ^^