25 de jun. de 2009

Problema de conteúdo – Império da não reflexão

Resolvi respeitar as alteridades. Apenas hoje. Ser racional, sistemática e pragmática, exatamente como quem me critica o quer. Então, apenas hoje, mudarei meu discurso (deveras exaltado para alguns) para algo mais político. Além disso, como de praxe, peço liberdade, se não poética, mas acadêmica/intelectual para expor meus argumentos livremente, sem amarras de “ismos”, sem rótulos e predefinições; admitindo minha burrice e ignorância em vários assuntos.

Venho abordar, como o título revela, um problema de conteúdo. Empiricamente, em minhas andanças socráticas, percebo que muitas pessoas não têm responsabilidade com seus discursos. Impera o reinado da “não reflexão” e ser o tanto superficial quanto for possível. Derivados de uma não preocupação com o significado epistemológico das palavras, os discursos se tornam vazios e os argumentos vãos, invalidando completamente os locutores. Advindo de uma mediocridade inerente a categoria de pessoas que compactuam, ideologicamente, com a sociedade fetichista da mercadoria, a ausência de conteúdos reais na informação favorece um projeto de futilidade coletivizada, projeto esse que alimenta a idéia do consumo como status social. Logo, o que move uma parcela significativa da sociedade é o prazer de participar do espetáculo e ter, como Warhol dissera, 15 minutos de fama.

Com o império da não reflexão, une-se a irresponsabilidade ética. Segundo Sartre: “O que quer que façamos, assumimos responsabilidade por alguma coisa, mas não sabemos o que essa coisa é”. E sequer saberemos, uma vez que os sentidos foram tomados pela lógica líquida. Visão e audição estão gravemente afetadas. Cegos e surdos tentam, individualmente, controlar suas próprias vidas, destituídas de qualquer sentido moral. Mecanicamente, repetem falácias tautológicas que corroboram os poderes em exercício; repetem para si, como mantras, verdades fluidas no intuito de conviver com rotinas frívolas e desejos fúteis. Incapazes de uma reflexão significativa, ignoram os indícios das crises em andamento, pois sentem medo de qualquer mudança de ordem social que possa afetar o mundo “bunker” auto-arquitetado.

Todas as crises da atualidade: filosófica, moral, política, ambiental, dos relacionamentos humanos, dentre outras, requerem que resgatemos o conteúdo das coisas e, através da reflexão, pensemos em outras formas de viver, uma vez que a atual está em extinção. É preciso tomar para si a responsabilidade do hoje e do devir; reconhecer a falência do projeto moderno e buscar alternativas em prol de vivências mais saudáveis. Cuidar de si e dos outros, eis a responsabilidade de cada um.

Madame Schopenhauer, que está feliz em refletir algumas questões.

Um comentário:

Nat disse...

"Por acaso" seu texto me fez lembrar da nossa conversa de ontem via msn...